Novamente o país se vê diante de uma
catástrofe com danos sem precedentes. Se é difícil mensurar a perda de uma
pessoa, imaginemos 350, como dizem os dados publicados pelas autoridades que
acompanham as buscas dos desaparecidos, vítimas do estouro da Barragem de
Brumadinho, na Mina do Feijão, da companhia Vale, uma das maiores mineradoras
do mundo.
A perda inesperada de vida causa danos
que vão além da pessoa que se foi prematuramente. Causa impactos psicológicos
nos familiares, desequilíbrio naqueles que têm dependência financeira, impactos
irreparáveis nos filhos que ficam sem a companhia do país. Ou seja, perdas que não
são reparadas com indenizações financeiras, não importando o tamanho.
Os exemplos de catástrofes mostram a ausência
de políticas para diminuir suas ocorrências. Nos últimos dez anos tivemos em
2011 a enchente de Alagoas que deixou 53 mortes e destruição de várias cidades;
em 2011, uma enchente em Teresópolis ceifou a vida de 506 pessoas na região
serrana do Rio de Janeiro; Em 2013 o incêndio da Boate Kiss, sem saída de
emergência causou a morte de 242 jovens no RS; Em 2015 o acidente da Barragem
de Mariana causou 19 mortes e devastação do meio ambiente, chegando à
Catástrofe, crime, estupidez ou outra definição que vitimou 350 pessoas em
Brumadinho-MG.
A realidade do Brasil, quando se trata
de cuidados e fiscalização por parte dos entes de governo é, para dizer no
mínimo, sofrível. Os dados por si são suficientes para demonstrar a irresponsabilidade
dos que têm a responsabilidade de fiscalizar e de empresários que utilizam de
artifícios ilegais para obter documentos necessários ao funcionamento de seus
negócios.
A falta de ação para definir
responsabilidades se revela em processos que não têm fim, em relatórios
falseados para concessão de licenças, em decisões do congresso e assembleias
legislativas para favorecer lobbies empresariais, a exemplo do que aconteceu em
2017, quando foi dado para as empresas mineradoras a poder de autorregular a
fiscalização de suas barragens.
Os eventos acorridos deveriam levar os
agentes que têm a responsabilidade de cuidar a traçar planos para evitar novas tragédias.
Mas o que se tem é a leniência de órgãos públicos, do judiciário, do ministério
público, do legislativo. Enfim, de todos.
Nessas horas de crise são comuns as
ações daqueles que deveriam se envergonhar do papel que desempenham no tempo
anterior as tragédias, todos se apresentando para seu minuto de sucesso querendo
prender, dar declaração, cobrar medidas, definir ações e apontar soluções, tudo
como se fosse uma sonata, para, ao final, nada ser feito.
Somos pródigos em exemplos quando se
trata de não cumprir o papel que cabe a cada um. Para isso basta lembrar as
vítimas do Boate kiss que até hoje não viram decisão final dos processos dos
envolvidos. Que as vítimas de Alagoas não tiveram suas casas ou danos reparados.
Que o processo da Barragem Mariana também se arrasta nos escaninhos de
tribunais e gavetas da burocracia do estado.
O acidente de Brumadinho, poderá ter o
mesmo caminho, pois a cultura de não resolver que reina entre nós é a mesma de
sempre.
Francisco
Alexandre – Piúta
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