CARREIRA DE PROFESSOR CADA VEZ MENOS INTERESSANTE PARA OS JOVENS
A
falta de reconhecimento e de condições de trabalho tem atraído cada vez menos
alunos para uma profissão que já esteve entre as mais valorizadas no país: a de
professor. A cada 100 jovens que ingressam nos cursos de pedagogia e
licenciatura no país, apenas 51 concluem o curso. Entre os que chegam ao final
do curso, só 27 manifestam interesse em seguir carreira no magistério. As
informações foram levantadas pelo movimento Todos Pela Educação, com base em
dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep).
“Temos um apagão de professores, principalmente pela
desvalorização. A gente já atrai pouco e, dos que vão para a formação inicial,
poucos permanecem na carreira. E não se consegue ter uma área de atuação que
consiga atrair os melhores alunos do ensino médio”, diz a presidente
executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz.
Na
opinião de Priscila, entre as políticas de atratividade necessárias para
aumentar o interesse na profissão está a melhoria dos salários. Segundo Priscila,
atualmente o professor ganha metade do que os profissionais de outras áreas com
ensino superior completo. “Realmente fica difícil
atrair os melhores alunos do ensino médio para a carreira se a gente não
conseguir fazer com que o salário melhore”, acrescenta.
Priscila
destaca que é preciso melhorar também as condições de trabalho do professor. A
proximidade dos jovens com a profissão faz com que eles vejam de perto a
realidade dos professores, que nem sempre é atrativa. “O
fato de o jovem verificar no seu dia a dia que os professores não são
valorizados, e muitas vezes são atacados pelos próprios jovens, pelas famílias,
pela sociedade, pelo governo, isso faz com que o jovem desista da profissão”,
lamenta Priscila.
Desmotivação
Para
o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE),
Heleno Araújo, a falta de políticas que valorizem os profissionais da educação
desmotiva os profissionais. Segundo Heleno, existe atualmente um processo de
disputa muito grande com outras profissões, que oferecem melhor remuneração.
“Até
os profissionais de pedagogia estão fugindo dessa profissão, porque os salários
são diferentes, e vão fazer o seu trabalho em outros espaços, que têm uma
valorização maior”.
Ele
ressalta que, apesar de alguns avanços nos últimos anos no processo de
valorização dos profissionais da educação, como a lei do piso nacional do
magistério, ainda há dificuldades, como o descumprimento, em alguns estados e
municípios, da legislação que define o mínimo a ser pago a profissionais em início
de carreira, além do achatamento da carreira de professor. “Há estados que
pagam o piso para o professor do nível médio e o mesmo valor para nível
superior”, diz Heleno Araújo.
De
acordo com a CNTE, em 2004 o salário dos professores no país representava cerca
de 60% da média salarial de outras profissões – atualmente é 52% da média.
“Este é o movimento inverso do Plano Nacional de Educação, que diz que, até
2020, o salário médio dos professores deve ser equiparado ao salário médio de
outras profissões”, afirma.
Plano nacional
O
Ministério da Educação (MEC) deve lançar nos próximos dias uma política
nacional de formação de professores, já articulada à Base Nacional Comum
Curricular, que vai focar na valorização dos profissionais. Segundo o MEC, está
em estudo a ampliação das oportunidades das licenciaturas para a nova geração
de docentes da educação básica e também para os que já estão em sala de aula.
Para
o MEC, a valorização do professor é fundamental para a educação. “Existe a
clareza de que o professor tem um papel central no desenvolvimento educacional
de nossos estudantes e de que, para exercer essa profissão, ele precisa ser
valorizado em todas as suas dimensões”, diz o ministério, em nota.
Fonte:
Correio do Povo
CARREIRA DE PROFESSOR CADA VEZ MENOS INTERESSANTE PARA OS JOVENS
Reviewed by Josenildo Batista
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segunda-feira, outubro 16, 2017
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